segunda-feira, 9 de fevereiro de 2009

Vinte e Nove

É impressionante como o tempo passa rápido. Parece que foi ontem que eu estava no prédio da Letras, sem me caber de tanta alegria, nas filas, driblando os veteranos para escapar do trote, esperando o momento de fazer a matrícula, e já se vão 10 anos. Parece que foi ontem que pela primeira vez cheguei em janeiro em Ibiassucê para aproveitar a festa de São Sebastião, e já se vão 15 anos. E mais, parece que foi ontem que brincava de bonecas com a Rê e isso durou toda a nossa infância (que bom que podemos brincar hoje com a Bella e com a Leca).


É... O tempo é implacável, passa muito rápido mesmo. E quantas coisas já vivi, quantas pessoas já passaram pela minha vida, quantas alegrias já tive, quantas perdas também tive que suportar. Muita gente ficou e sei que é para sempre, muitas, mesmo tendo ido embora ou seguido outros caminhos, deixaram marcas que permanecerão guardadas para sempre.


Não é à toa que meus pais me chamam de menina, é assim que me sinto, mesmo não sendo mais tão menina assim (risos) e tendo que enfrentar a realidade de gente grande, tentando conservar a alegria e a leveza da infância (às vezes, até a ingenuidade) para que esse mundo pareça menos cruel e a vida menos dura.


Mas o tempo passa e daqui mais alguns anos olharei para esse tempo com os olhos do coração e da saudade para rir e recordar as maravilhas que essa fase da vida também traz (tomara!). E hoje, acordei pensando nessa música (vocês vão perceber que adoro música), que é linda, e que repete tantas vezes o 29 que passei até a gostar desse número com o qual conviverei por mais um ano, até que chegue aos 30, me torne definitivamente uma “balzaquiana” e tenha outras tantas histórias para contar.


Vinte E Nove
Legião Urbana
Composição: Renato Russo


Perdi vinte em vinte e nove amizades

Por conta de uma pedra em minhas mãos

Embriaguei morrendo vinte e nove vezes

Estou aprendendo a viver sem você

Já que você não me quer mais

passei vinte e nove meses num navio

E vinte e nove dias na prisão

E aos vinte e nove com o retorno de saturno

Decidi começar a viver

Quando você deixou de me amar

Aprendi a perdoar e a pedir perdão

E vinte e nove anjos me saudaram

E tive vinte e nove amigos outra vez




terça-feira, 27 de janeiro de 2009

Apresentando...

Bom... Como explicar a aparição de mais este blog? Deixa-me ver se consigo...

Nos últimos meses do ano passado mergulhei no mundo blogueiro por intermédio de um amigo pra lá de especial e muitíssimo querido (L). Tive a oportunidade de revisitar blogs que estão até desativados, mas que acompanhei por muito tempo, assim como também pude conhecer muita coisa nova e muito boa. Poetas, poetisas, leituras, opiniões, notícias, humor, tudo muito bem dosado e distribuído nesse mundo efervescente de idéias e pensamentos novos.

Resumindo, me apaixonei, virei acompanhante assídua de alguns e desde a redescoberta desse mundo não passa um só dia em que eu não conheça um Blog novo, aí pensei: Por que não criar o meu próprio? Por que não compartilhar com os outros um pouco da poesia da minha vida, das minhas leituras, dos meus pensamentos e de tudo que me faz aprender e crescer um pouquinho mais a cada dia?

Daí veio o nome, inspirado no título do belíssimo romance de Clarice Lispector, Uma Aprendizagem ou o Livro dos Prazeres, de onde também tirei a citação do subtítulo e parte inferior do blog. Não por acaso esse é a obra literária que mais gosto (com calma irei explicando por que), e traz já no título a menção a aprendizagem que é tudo o que fazemos o tempo inteiro, e o que também nos move.

Não me refiro à aprendizagem contida somente nos livros, mas em todas as situações de nossa vida, por mais corriqueiras que sejam ou pareçam.

Assim, também virei uma blogueira (risos), e embora não tenha uma veia poética, adoro literatura e acredito que posso compartilhar minhas leituras com vocês para que assim possamos juntos fazer releituras e por que não, viajar e aprender juntos?

Sejam todos bem vindos!!!

quinta-feira, 1 de janeiro de 2009

Receita de Ano Novo...





Para você ganhar um belíssimo Ano Novo

cor de arco-íris, ou da cor da sua paz,

Ano Novo sem comparação como todo o tempo já vivido

(mal vivido ou talvez sem sentido)

para você ganhar um ano

não apenas pintado de novo, remendado às carreiras,

mas novo nas sementinhas do vir-a- ser,

novo até no coração das coisas menos percebidas

(a começar pelo seu interior)

novo espontâneo, que de tão perfeito nem se nota,

mas com ele se come, se passeia,

se ama, se compreende, se trabalha,

você não precisa beber champanha

ou qualquer outra birita,

não precisa expedir nem receber mensagens

(planta recebe mensagens?

passa telegramas?).


Não precisa fazer lista de boas intenções

para arquivá-las na gaveta.

Não precisa chorar de arrependido

pelas besteiras consumadas

nem parvamente acreditar

que por decreto da esperança

a partir de janeiro as coisas mudem

e seja tudo claridade, recompensa,

justiça entre os homens e as nações,

liberdade com cheiro e gosto de pão matinal,

direitos respeitados, começando

pelo direito augusto de viver.


Para ganhar um ano-novo

que mereça este nome,

você, meu caro, tem de merecê-lo,

tem de fazê-lo de novo, eu sei que não é fácil,

mas tente, experimente, consciente.


É dentro de você que o Ano Novo

cochila e espera desde sempre.



ANDRADE, Carlos Drummond de. Receita de Ano Novo in:Poesia Completa. Rio de Janeiro: Nova Aguilar, 2002.