terça-feira, 27 de janeiro de 2009

Apresentando...

Bom... Como explicar a aparição de mais este blog? Deixa-me ver se consigo...

Nos últimos meses do ano passado mergulhei no mundo blogueiro por intermédio de um amigo pra lá de especial e muitíssimo querido (L). Tive a oportunidade de revisitar blogs que estão até desativados, mas que acompanhei por muito tempo, assim como também pude conhecer muita coisa nova e muito boa. Poetas, poetisas, leituras, opiniões, notícias, humor, tudo muito bem dosado e distribuído nesse mundo efervescente de idéias e pensamentos novos.

Resumindo, me apaixonei, virei acompanhante assídua de alguns e desde a redescoberta desse mundo não passa um só dia em que eu não conheça um Blog novo, aí pensei: Por que não criar o meu próprio? Por que não compartilhar com os outros um pouco da poesia da minha vida, das minhas leituras, dos meus pensamentos e de tudo que me faz aprender e crescer um pouquinho mais a cada dia?

Daí veio o nome, inspirado no título do belíssimo romance de Clarice Lispector, Uma Aprendizagem ou o Livro dos Prazeres, de onde também tirei a citação do subtítulo e parte inferior do blog. Não por acaso esse é a obra literária que mais gosto (com calma irei explicando por que), e traz já no título a menção a aprendizagem que é tudo o que fazemos o tempo inteiro, e o que também nos move.

Não me refiro à aprendizagem contida somente nos livros, mas em todas as situações de nossa vida, por mais corriqueiras que sejam ou pareçam.

Assim, também virei uma blogueira (risos), e embora não tenha uma veia poética, adoro literatura e acredito que posso compartilhar minhas leituras com vocês para que assim possamos juntos fazer releituras e por que não, viajar e aprender juntos?

Sejam todos bem vindos!!!

quinta-feira, 1 de janeiro de 2009

Receita de Ano Novo...





Para você ganhar um belíssimo Ano Novo

cor de arco-íris, ou da cor da sua paz,

Ano Novo sem comparação como todo o tempo já vivido

(mal vivido ou talvez sem sentido)

para você ganhar um ano

não apenas pintado de novo, remendado às carreiras,

mas novo nas sementinhas do vir-a- ser,

novo até no coração das coisas menos percebidas

(a começar pelo seu interior)

novo espontâneo, que de tão perfeito nem se nota,

mas com ele se come, se passeia,

se ama, se compreende, se trabalha,

você não precisa beber champanha

ou qualquer outra birita,

não precisa expedir nem receber mensagens

(planta recebe mensagens?

passa telegramas?).


Não precisa fazer lista de boas intenções

para arquivá-las na gaveta.

Não precisa chorar de arrependido

pelas besteiras consumadas

nem parvamente acreditar

que por decreto da esperança

a partir de janeiro as coisas mudem

e seja tudo claridade, recompensa,

justiça entre os homens e as nações,

liberdade com cheiro e gosto de pão matinal,

direitos respeitados, começando

pelo direito augusto de viver.


Para ganhar um ano-novo

que mereça este nome,

você, meu caro, tem de merecê-lo,

tem de fazê-lo de novo, eu sei que não é fácil,

mas tente, experimente, consciente.


É dentro de você que o Ano Novo

cochila e espera desde sempre.



ANDRADE, Carlos Drummond de. Receita de Ano Novo in:Poesia Completa. Rio de Janeiro: Nova Aguilar, 2002.